domingo, 28 de fevereiro de 2010

ligação sem bilhete

Tensão não tenho.. Hoje vai ser sem som. A probabilidade de estar desinspirado é segura. Vou ser sério e não vou desiludir quem apostou em mim, até porque esta fase do campeonato é decisiva. Sei que não vai ser fácil de compreender, se houver uma desarticulação nos processos de ataque. Contesto e protesto, caso não consiga afirmar a minha velocidade. Mesmo que ligues a dizer que estás atrasada, eu vou entrar em campo e quando marcar golo vou apontar para a parte sul. Fica nessa zona para depois te dedicarmos o golo.. Isso ficará em segredo. Quem já tirou o bilhete para logo??

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

tristeza de sono

Boa noite paneleiros engravatados e putas desastradas. Há umas semanas que não trocávamos umas palavras. Tenho hibernado, mas já vos ando a sentir o cheiro. Será que nestes dias os cumprimentos ainda bastam. Agora, que estou na cama é que perguntas as horas. Deixa dormir e vai pó caralho que a botija ainda está morna e o menino tem vivido dias brutais. Ainda têm muito a aprender. O meu problema não é o de não saber o que fazer, mas sei o que te responder, pois já revi o filme Italiano e não tenho medo. Deixa-me dormir mais um bocadinho que te vou responder em Italiano, não desconfies da minha oratória eficaz, que desgasta qualquer um que venha com modos de paneleiro a berrar aos ouvidos. Amanhã de manhã, vou ficar na cama. Mas depois, vou ficar com uma doença, e bem depois ficarei melhor. É triste não saber o que querer, é triste não saber pensar, não ter maneira de saber, nem ver jeito de melhorar. é triste não saber viver sem barba para fazer. É feliz ser tão triste, nem ter horas para me deitar. Como é bom, um homem morrer, sem ter cova para se deitar. Sou feliz, quando estou triste, quando não sei se consigo chorar.E isto é triste, nem que não o consiga lembrar. Isto é triste.

Escrito debaixo do joelho, num dia em que era velho.

Pontapé na Agricultura

Ai ai, ora vem a gente dizer que duas rodas tem a bicicleta, quando na verdade é a bicicleta que as tem.Há partidos de direita, e há quem chute com a esquerda. Há quem como eu, martelo só com uma mão, mas há também quem chute com os dois pés. Não é? Eu acho que é. Depois de vomitar as dores que me atormentaram e depois de sedado de tanto pontapé, passei a martelar com a esquerda.Isso era uma coisa que me andava atormentar. Tá claro como a cara de um tolo, e não como a clara de um ovo. Quanto mais penso, mais percebo que é tão fácil como estar agarrado aos matraquilhos. Isto é canja pá. Mas não é isso que eu venho aqui falar, o meu problema é a reforma agrária. Mas por que raio o pessoal não se dedica ao mirtilo, já para não falar do mel, isso é que dá pastél à brava, e é caro, o do resto da Europa é uma merda (haveria mais exemplos). Deixem de se preocupar com a batata, milho e centeio, isso não dá nada.
Bom, vou embora, porque a dor ainda não me deixa sem dor. Mas dentro de momentos vou sem dor, porque tenho que por um pano quente no braço.Vai ser um embaraço. Mas quando me virem no futebol, lá estarei com o mesmo cachecol, com a sobrinha a dar na cabeça e as mãos, essas, estarão despreocupadas sem martelo na mão, porque nada me faz falta e nada me seduz. Vou passar uma fim de semana fora para ganhar coragem.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Histórias por acabar

Estimados leitores, peço apenas 10 minutos de concentração.Vou escrever a história de uma individuo, de seu nome Cabral Alberto Leão . O Alberto possivelmente nunca o viram ou ouviram falar, mas já vós digo que é mais conhecido que o pároco local. A casa dele fica isolada no meio do matagal, entre as duas povoações. Sempre que ele aparecia na aldeia para comprar farinha para os animais, os miúdos aproximavam-se dele para o ouvir contar histórias. As mães ainda gritavam para terminarem o lanche, mas os miúdos não queriam saber e corriam como loucos para não perder nenhuma história. A aldeia ficava mais calma, as mães aproveitavam esses momentos para descansar ou lavar o chão. Já os homens, olhavam à porta dos cafés para o espectáculo, uns riam enquanto seguravam as canecas de cerveja, outros vigiavam os filhos, enquanto sorrateiramente tentavam ouvir as últimas de Alberto. O homem de quem se fala, tem perto de 30, era alto, com olhar meigo, usava calças de fazenda larga e camisas finas e tinha um chapéu de aba. Vivia sozinho desde a morte da sua mãe, e ocupava o seu tempo entre os trabalhos manuais, o cuidado com os animais e os passeios no mato onde aproveitava para trazer algumas cavacas para se aquecer do frio do inverno. A casa era de pedra, pequena e muito antiga com um grande quintal, que fazia fronteira com um denso mato onde habitavam diferentes espécie de árvores e animais. Na época das chuvas Alberto, dedicava-se as construções em madeira e à criação de pequenas histórias, que depois de terminadas iam para dentro de uma caneca de louça que tinha no móvel da cozinha. Sempre que a primavera chegava, tratava dos estragos causados pelas chuvas e começava a preparar as terras para os primeiros cultivos. E, no Verão lá ia ele ao Deus dará, de Aldeia em Aldeia contar as histórias que escrevia durante o Inverno.
Ando com dificuldades em separar o passado do presente, mas esta vai ter futuro.

a diferença está na massa

Teve sede a menina Tina. Foi à mercearia e pediu um vinho fino e erudito, em troca deram-lhe um espumante bruto e pujante. Desde essa altura a sede nunca foi a mesma.


Ventos ciganos

Fevereiro está firme e passou-me ao lado. Ontem apeteceu-me escrever uma carta a Maria. Hoje nada me apetece. Apetecia-me talvez acabar com o E de vez, mas já comi uns torresmos para aquecer e para mim até estavam saborosos. E para ti, Maria?
Esta casa é fria, e só na cozinha se está bem. Ontem pus a lenha errada no forno e não parei de rezar durante toda a noite. Nesta zona os ventos sopram forte e os muros são velhos e as árvores, ai coitadas das árvores... Também elas não têm a força de outras épocas. Não sei como a menina cigana aguenta fazer cestos com as mãos descobertas e com um frio destes. Sem abrigo sem fogo, só com o vime na mão. Eu bem disse que tenho que acabar com os E´s. Há uns anos dei-lhe um chocolate. Hoje dei-lhe um Adeus. Está crescida a garota, já é quase senhora. Não, talvez da próxima vez em que voltar a parar por estas bandas seja senhora. Agora, acho que ainda não o é.Ou será? E o vento sopra, continua a soprar. Qualquer dia vou atrás dela, empurrado por ele, só para ver como resistem as pessoas ao frio. Mas para onde irá ela? Será que vai na direcção do vento. Amanhã vou apanhar umas cavacas e pinhas para lhes acender a lareira. Nestes dias os paus ardem como palha e o calor quase não se sente. Hoje os animais precisam de calor. E quem não precisa dos animais?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Guerra das emoções

Erma, a filha do general já não sabia o que fazer. A manhã era cinzenta, os passeios feitos de paralelos brancos com pequenos desenhos cinzentos no meio da passadeira. Os agentes passeavam pelos cantos da sala de passo ligeiro e postura direita, apanhados por um fio incolor que os controlava do tecto. Na cara de Erma não se vislumbram emoções, seguia cuidadosamente a fila de aproximadamente 20 crianças em direcção a uma sala. As cortinas eram brancas, as paredes eram rasagadas por portadas em vidro, os raios entravam aguçados e eram altamente penetrantes. As vistas apenas alcançavam o branco o fundo das paredes. A sala era ampla, com um tecto envidraçado, e oval. Não se ouvia nada, apenas os soldados vestidos de branco, de cabeça rapada, que apenas comunicava com gestos. No seu uniforme apenas se liam as iniciais NE. Ningém sabia o que aquilo quereria dizer. A fila era ordenadamente dirigida para um elevador, que as transportava para o piso inferior. Ao chegar ao piso -1, Erma e observou um grande número de crianças sentadas, com uns fios que saiam das cadeiras e que se agarravam as cabeças por ventosas. Nem ela nem ninguém percebia o que se passava, o ambiente era calmo, os passos leves e não se ouviam ruídos. No meio da sala havia uma lista florescente no chão, os dois soldados agarraram Erma pelos braços, despiram-na e deitaram-na num tapete rolante. Ao chegar ao outro piso rapidamente lhe tiraram as medidas e vestiram um fato branco com o número t33. A sala era fria, dela saiam vapores quentes e não existia nada, apenas uma prateleira com um grande número de roupas brancas, capacetes, luvas botas e jardineiras. Depois de vestidas, foram encaminhadas para outra sala. O piso era escuro, e nada se via excepto as pilhas que os soldados tinham em suas mãos. Aguardaram durante 2horas. Entretanto num canto da sala desceu uma luz amarela, era uma cadeira dourada que era suportada por quatro soldados. Deixaram a cadeira no meio da sala. As crianças olharam apavoradas , enquanto encostavam os seus corpos franzinos uns aos outros. Um som estridente rompeu num dos cantos da sala, dela saiu um homem que se aproximou e se sentou na cadeira. O homem largou algumas palavras, uma das crianças começou a chorar, um dos soldados aproximou-se, desembainhou um sabre, que rapidamente fez passar junto ao pescoço da criança. A cabeça caiu, o sangue jorrou sobre os que estavam ao seu lado. O homem prontamente avisou, que o mesmo aconteceria a quem voltasse a derramar uma lágrima. As crianças, olharam umas para as outras com temor em grande estado de pânico. O homem do alto da cadeira, ordenou que a partir daquele momento, ninguém poderia chorar, rir ou mostrar qualquer tipo de emoção. Estas foram as únicas palavras que disse. Durante largos momentos só se ouviram gemidos e o homem e os soldados abandonaram a sala. As crianças passaram a noite na sala escura com medo, fome e sono, sem rir chorar ou mostar a sua raiva, ódio ou nojo por tais criaturas....