domingo, 31 de janeiro de 2010

Uma espécie de estorninho

Que Deus te guarde, pura e sã. Que não te percas pelas ruas negras da sodoma e te encontre em estado de sonho vegetativo. Diz-me como foste criada, será que eras nobre ou foste traída pelas intempéries das crenças. Que tangas usavas e que ritual seguias? Que fio de pena usaste para medir o batimento da pulsação ou os membros do malfamagrifo . O que fazes aqui canária? Não devias ter fugido do teu reino. Olha, eu cá não tenho pena da tua frigidez emocional. Podes ir embora, já nem te vejo por pensamento. Deixa lá essa tormenta e imigra para cantar noutra praça. Por aqui as janelas estão fechadas, não peças para abrir as persianas que as lágrimas caem afiadas e furam qualquer ilusão. Tapa a cara com betão, que te espanta a inquietação. Os ventos por estas terras são fortes.Foge daqui, voa para outra gaiola, que eu traio, e desconfio que vou romper as grades dos maus costumes.Eu cá não tenho pena, vou atrás da gralha, que não tem quem lhe dê comer. Vou andando, vai fazendo o guardanapo com cetim, que um dia volto para me assoar. Agora, vou voar de galho em galho.